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Mauro Silper: vitória da delicadeza surreal: Prêmio aquisição em duas Bienais de Brasília

Em Mauro Silper, a natureza quase sobrepuja a fragilidade de seres sempre à espera do barco, do fado, do encaminharmo-nos em vagões e trilhos. A base feita com as mãos é retrabalhada com pinceis e espátulas cortantes sobre bucólicas paragens. Rápida criação, New York sob neve (1970), Torres Gêmeas ao fundo. Arranha-céus acrescidos da fase Urbanidades, Brasil (aglomerados). Formas humanas. Com lupas, vê-se o detalhamento. Mínimos pássaros em melopeia sem opressão, sem julgamento. Solidão esperançosa dos que vivenciaram hecatombes (Brumadinho). Mar, laguna ou rio, são três cores acrílicas escolhidas/misturadas pelo pintor. Vastidão, aguaceiro ou bonança, sem exagero épico.

 

O insinuado “devoramento” do humano pela paisagem não se concretiza, pois Mauro Silper pinta esperança na colocação filosófica grega do homem numa contextura que sugere a tênue posição na relação com o ambiente, na possibilidade do cataclismo, em suposta lassidão, mas, em implícita vitória. A Arte nos redime (universalmente) na compensação estética do caos sublimado em beleza no qual Silper se desloca, trafega, e nos leva, em abandono inexorável.

 

Rogério Zola Santiago

Mestre em Crítica de Arte pela Indiana University, USA

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